[RESENHA] Fragmentos, de Dan Wells





Autor: Dan Wells
Serie: Partials
Editora: ID
Ano: 2014
Páginas: 520
ISBN: 9788516091705
Sinopse: O que significava a Verdade? Quem era responsável pelo fatal vírus RM? Por que os Partials morriam aos 20 anos? E afinal, o que era ela, humana ou Partial? Kira Walker sabia que todas essas perguntas sem respostas eram fragmentos de um grande segredo. Só não imaginava o quanto ela era a peça-chave nessa história. Volume dois da trilogia Partials.

Aviso: Se você ainda não leu Partials e não quer estragar a surpresa da leitura, aconselho que não leia essa resenha, pois os spoilers são inevitáveis. A resenha do primeiro livro está nesse link

Depois de sete meses, eu voltei a mergulhar no mundo distópico criado por Dan Wells e li Fragmentos. 

Em Partials nós conhecemos Kira, uma jovem aprendiz de medicina que busca a cura para um vírus que além de dizimar quase toda a população do mundo, também impede de que qualquer recém-nascido sobreviva mais do alguns dias após o nascimento. Para isso ela foi atrás dos Partials que haviam sumido depois de terem lançado o vírus. O que ela não esperava era encontrar os supersoldados também lutando contra a própria extinção por causa da data de validade que os mata quando atingem 20 anos. Muito menos que ela própria era uma Partial, mesmo não entendendo muito bem como isso poderia ser verdade, já que ela crescia e se desenvolvia normalmente como um ser humano. Em Fragmentos, o leitor acompanha a busca de Kira por respostas 

Em Fragmentos, Kira está em busca de respostas e de uma solução para extinção de ambos os grupos, para isso ela deixa Long Island e vai para o continente, onde após um busca em um dos escritórios da ParaGen, ela encontra Afa, um gênio da computação que sobreviveu durante todos esses anos sozinho, montando todo um acervo de informações sobre a empresa e A Verdade. Quando ela percebe que as informações que possuem ali não são suficientes ela parte em uma longa e perigosa viagem continente adentro, junto de Afa, Samm e Heron para chegar a sede da ParaGen. Enquanto isso na comunidade humana, Marcus se une ao governo para lutar contra os Partials da Dra. Morgan, que invadem a ilha atrás de Kira e começam a espalhar o terror entre os moradores. 

Uma das diferenças entre esse livro e o antecessor foi a inserção de novos pontos de vista na narrativa. Isso melhorou muito a dinâmica do livro. Enquanto a gente acompanhava a Kira, durante a sua viagem pelo continente, A gente tinha o olhar do Marcus sobre o que estava acontecendo em Long Island, o que me possibilitou me aproximar mais do personagem e obviamente, acompanhar o desenrolar dos acontecimentos da ilha. Outros personagens que possibilitaram isso foram Haru e Ariel. Isso mesmo, Ariel, que é apenas citada como uma das irmãs adotivas de Kira, ganha mais destaque nesse livro. 

Tem dois pontos que eu gostaria de comentar em relação a esses pontos de vista. O primeiro, é que logo no começo nós acompanhamos a perspectiva do Samm, mas isso quase não se repete no livro e havia certos momentos em teria sido legal explorar um pouco mais da visão dele, principalmente durante a viagem, que foi narrada única e exclusivamente pela Kira. O que me leva ao segundo ponto, os capítulos narrados pela Kira eram muito extensos, e por vezes cansativos. Então os capítulos narrados por outros personagens, que eram mais rápidos e dinâmicos, o que possibilitava maior fluidez na leitura. Talvez o autor devesse ter explorado mais o ponto de vista do Samm, pois a tal viagem não teria sido tão cansativa para o leitor. 

E já que eu falei dos personagens agora, o principal bônus desse livro foi o crescimento do Marcus na trama, pois ele deixou de ser apenas o namorado da Kira. À medida que as coisas vão se complicando na ilha, ele vai ajudando os senadores a defender a comunidade humana onde ele cresceu. E não de um jeito heroico como a Kira, mas de m jeito completamente humano. Ele está com medo, mas o extinto de sobrevivência fala mais alto, e quando ele percebe já está no meio de alguma missão importante. Isso me fez gostar muito mais do Marcus do que no primeiro livro. 

Além disso, tem o destaque de alguns personagens que são apenas citados ou pouco vistos no primeiro livro, como a Ariel e a Heron, além da própria Nandita que embora não apareça na maior parte do livro, é de extrema importância para a trama. Surgem novos personagens também, com destaque para Afa, que desempenha um papel muito importante no livro, mas que acabou sendo negligenciado pelo autor no último terço dele. Em contrapartida, eu senti falta da de algumas personagens de Partials como Xochi, Isolde e Madison, que acabaram sendo deixadas de lado. E até mesmo o Samm, eu acho que poderia ter sido melhor explorado no livro, do que realmente foi.

Quanto a Kira, eu achei o conflito nela muito bem desenvolvido, afinal de contas, ela passou a vida inteira acreditando que é um ser humano, mas de repente todas as suas certezas desmoronam quando ela descobre que é uma Partial. E enquanto a Heron vive cobrando que ela tome um lado, que ela escolha a raça dela porque ela nunca vai conseguir salvar os dois, A Kira passa por uma crise de identidade, o que acaba provocando uma obsessão dela pelas respostas. Eu vi sentido nisso, por isso não acho a personagem teimosa de um jeito ruim, como eu vi em algumas resenhas. Para mim ela é decidida e não desiste fácil do que ela acredita e do que ela acha certo. E essa teimosia e esse orgulho dela são aceitáveis porque você sabe que ela está certa. Não é uma teimosia infundada. Então eu gostei muito da maneira como a personagem se desenvolveu.

E para concluir essa resenha, eu deixei a cereja do bolo por último. O que eu gostei no livro foi a reviravolta que a história teve no final. Eu terminei Fragmentos com sede de ler o terceiro, pois o que acontece depois que a viagem acaba me deixou completamente sem chão. À medida que as respostas surgem, fatos novos e inesperados explodem como uma bomba e o livro simplesmente acaba, deixando aquela sensação de vazio no leitor. Então, se você está lendo Fragmentos e está achando o livro arrastado, não desista, porque o final compensa e muito os longos capítulos da Kira. 

Ainda não há previsão de estreia de Ruins aqui no Brasil, eu espero que não demore muito, mas além dele, o Dan Wells, também publicou um livro spin-off intitulado Isolation que conta a história da Guerra do Isolamento, que quase destruiu o mundo. E se você também está querendo saber algo sobre os próximos livros, me acompanhe no blog porque assim que eu tiver notícias sobre qualquer um dos dois eu compartilharei com vocês. E não esqueça de deixar o seu comentário sobre o Fragmentos. Ficarei muito feliz em responder e conversar sobre esse livro.

Um comentário: